As notícias na Grande Mídia dão conta que diversos professores foram agredidos por alunos em sala de aula país afora. Também tomou conta do noticiário, o massacre da escola de Suzano, ocorrido em 13 de março de 2019, na Escola Estadual Professor Raul Brasil no município de Suzano, no estado de São Paulo, causando uma comoção nacional na população. É uma angústia no ambiente escolar, professores apreensivos e ao mesmo tempo cientes de sua missão de ‘estimular os alunos a se aplicarem ao estudo’, sentimentos antagônicos, e nos olhares destes mestres um sonho de verem seus alunos trilhando o caminho do conhecimento, aplicando-se aos estudos.
"As pessoas pós-modernas veem pouca vantagem em ler livros que não contribuem diretamente para sua carreira ou lhe deem prazer. Isto é um resultado lógico do ateísmo, que finalmente compreendeu que a mente humana não pode conhecer o que é verdadeiro e justo." (MANGALWADI, 2012, p. 18)
Talvez, a maior dificuldade dos professores tem sido motivar os alunos a lerem, ou melhor, despertar neles o interesse pela leitura, eles não conseguem ver qualquer vantagem para se debruçarem sobre um livro, e viajarem numa leitura apaixonante. Raríssimas exceções, são alunos que tem um livro na mão. Mesmo os projetos de leitura desenvolvidos pelas escolas com textos curtos, na maioria das vezes, não conseguem motivar e instilar neles o gosto pela leitura.
Uma percepção, é que apesar dos hercúleos esforços para uma leitura em sala, invariavelmente termina em bate papo e muito barulho e pouca, mas pouquíssima leitura significativa.
Parece que perdeu-se um elo na arte de ensinar, e o baixíssimo nível de interesse dos alunos em aprender, principalmente a língua portuguesa na norma culta. Há neles um desprezo pela gramática normativa, exatamente a que lhes permitiria interpretar textos e compreender o sentido dos termos empregados. Salienta-se ainda a dificuldade de leitura audível em classe, com um tropeço em várias palavras, dificuldades com a entonação ao lerem a pontuação.
Como formar cidadãos autônomos e críticos nessa condição? Comenius em sua Didática Magna destaca que o professor terá que ‘investigar e descobrir o método’ para ensinar de uma forma significativa. E talvez o maior desafio será vencer a indisciplina na sala de aula, pois professores perdem quase metade do tempo tentando restabelecer o silêncio mínimo para que se possa explicar uma matéria.
Será que a ‘proa e a popa da Didática’ empregada na sala de aula não furaram? Professores vão se naufragando neste mar revoltoso que se tornou a sala de aula. Uma sensação que se precisa de mudanças na pedagogia aplicada ao ensino brasileiro, sem disciplina não se pode receber e descobrir o conhecimento.
“A proa e a popa da nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil, e, ao contrário, haja mais recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso...” (COMENIUS, 2001, p. 3)
Segundo Rosa (2000), em seu livro, A Educação Segundo a Filosofia Perene, o papel do professor de acordo com São Tomás de Aquino, “...afirma que no ensino o professor não pode, por uma necessidade ontológica, ser a causa principal do conhecimento. Esta causa é a atividade do aluno; o papel do mestre não é o de infundir a ciência, mas o de auxiliar o discípulo." (Pág. 19)
A analogia feita por Tomás de Aquino entre o médico e o professor, mostrando o papel deste primeiro em relação ao doente, feita em sua Quaestiones Disputatae de Magistro, é citada por Rosa (2000) para explicar o grande desafio do professor, que ainda é o mesmo em nossos dias, despertar o interesse do estudante para o aprendizado.
“Assim como o médico é dito causar a saúde no enfermo através das operações da natureza, assim também o mestre", diz Tomás de Aquino, “é dito causar a ciência no discípulo através da operação da razão natural do discípulo, e isto é ensinar. Se o mestre tentar seguir uma conduta diversa”, diz ainda Tomás, o resultado será que ele "não produzirá no discípulo a ciência, mas apenas a fé". (Pág. 20)
Citações:
COMENIUS, Iohannis Amos. Didática magna. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001.
MALI, Taylor. Um bom professor faz toda diferença. Rio de Janeiro: Sextante, 2013.
ROSA, Antônio Donato Paulo. Educação segundo a filosofia perene. Cristianismo.org.br, 2000.
Imagens de internet.
Parabéns pelo texto Carlos. Muito pertinente, sucinto e esclarecedor. Otimo para dar uma luz ao tema. Cheguei até seu blog através do grupo Docentes pela Liberdade.
ResponderExcluirObrigado pelas palavras. Precisamos debater a educação. Se possível compartilhe!
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